quarta-feira, 3 de junho de 2009

MAAT

Em egípcio, a palavra para verdade é Maat. O uso do Maat surgiu na Era das Pirâmides, iniciada por volta de 2700 a. C. No começo, Maat estava associado ao deus-sol Ra, ao faraó, à administração do país, ao homem comum, aos rituais dos templos e aos costumes mortuários.
Além disso, Maat eventualmente passou a ser associado a Osíris, o deus do outro mundo. Para os egípcios antigos, a palavra Maat significava não só verdade mas também retidão e justiça. Seu símbolo do Maat era a pluma de avestruz. A pluma, como símbolo, é encontrada em toda parte do Egito . nos túmulos e nas paredes e colunas dos templos. A pluma pretende transmitir a idéia de que "a verdade existirá". A pluma era transportada nas cerimônias egípcias, muitas vezes sobre um cajado. Ela aparece como fazendo parte do toucado da deusa.
A deusa alada Maat. Pintura mural que fica na entrada do túmulo da rainha Nefertari, esposa do faraó Ramsés II.
Para os egípcios que viviam na Era das Pirâmides, discernia-se o Maat como algo praticado pelo indivíduo. Era também uma realidade social e governamental existente, bem como uma ordem moral identificada com o governo do faraó. Durante toda a história do Egito Antigo, o Maat foi o que o faraó personificou e aplicou. Maat era a concepção egípcia de justiça; era justiça como a ordem divina da sociedade. Era também a ordem divina da natureza conforme estabelecida no momento da criação. O conceito tanto fazia parte da cosmologia quanto da ética.
Nos textos das pirâmides do Antigo Reino, está dito que Ra surgiu no local da criação: "... Depois ele pôs ordem, Maat, no lugar do caos... sua majestade expulsou a desordem, a falsidade, das duas terras para que a ordem e a verdade fossem ali novamente estabelecidas". A verdade e a ordem foram colocadas no lugar da desordem e da falsidade pelo criador. O faraó, sucessor do criador, repetia este ato importante na sua subida ao trono, quando das suas vitórias, ao terminar a renovação de um templo e em conexão com outros acontecimentos importantes.
Um dos textos das pirâmides diz: "O céu está satisfeito e a terra regozija-se quando ouvem que o Rei Pépi II pôs Maat no lugar da falsidade e da desordem". Os historiadores modernos concluem que a justiça era a essência do governo, inseparável do rei e, portanto, o objetivo reconhecido da preocupação de um funcionário. Ele não só estava envolvido na concepção de justiça como também na ética. Dizia-se que os inúmeros deuses dos egípcios viviam pelo Maat. Isto quer dizer que os poderes encontrados na natureza funcionavam de acordo com a ordem da criação.
Para o povo, o faraó estava com os deuses em sua relação com Maat, como se evidencia por esta citação: "Tornei clara a verdade, Maat, que Ra ama. Sei que ele vive de acordo com ela. Ela também é meu alimento. Eu também como do seu brilho". Assim, o rei ou faraó vivia pelo Maat.
Esperava-se que os funcionários dirigidos pelo faraó vivessem de acordo com o Maat, conforme o sugere esta citação: "Se és líder e diriges os assuntos de uma multidão, esforça-te por alcançar toda virtude até que não haja mais falhas em tua natureza. Maat é bom e sua obra é duradoura. Ele não foi perturbado desde o dia do seu criador. Aquele que transgride seus decretos é punido. Ele se estende como um caminho à frente até mesmo daquele que nada sabe. A má ação até hoje nunca levou seu empreendimento a termo". O significado aqui é evidente. Ele pede honestidade. Honestidade era sempre o tema.
Os funcionários do faraó devem esforçar-se por alcançar toda virtude, e sempre imparciais, verdadeiros e justos em seu trabalho. Era crença egípcia que a ordem divina foi estabelecida na criação e que esta não só se manifestava na natureza, mas também na sociedade como justiça, e na vida da pessoa como verdade. Maat era esta ordem, a essência da virtude.
O conceito de Maat confirma a antiga crença egípcia de que o universo é imutável, e que todos os opostos aparentes devem manter-se mutuamente num estado de equilíbrio. Ele subentende vigorosamente uma permanência; estimula o homem a esforçar-se por alcançar a virtude até que não tenha mais falhas. A harmonia e a ordem estabelecida de Maat, assim como a permanência, estão subentendidas nisso.
Um homem só teria êxito na vida, se vivesse harmoniosamente de acordo com o conceito de Maat e em sintonia com a sociedade e a natureza. A retidão produzia alegria; o contrário trazia o infortúnio. Este era um conceito profundo para os egípcios antigos, um conceito que ultrapassava o âmbito da ética, poderíamos dizer, e que na verdade afetava a existência do homem e seu relacionamento com a sociedade e a natureza. É claro que havia aqueles, entre os antigos egípcios, que não desejavam seguir os preceitos de Maat.
O Maat predominava por toda a terra. O camponês insistia que mesmo o mais pobre tinha direitos inerentes. Achava-se que o deus criador fizera todo homem igual ao seu irmão; a existência era curta para quem praticava a inverdade, a falsidade e a desordem, os opostos de Maat. Isto tornava impossível a vida. A eficiência de Maat não podia estar presente quando a pessoa praticava a desonestidade.
Todos os deuses do panteão egípcio agiam de acordo com a ordem estabelecida de Maat. O egípcio acreditava que o Maat da ordem divina seria o mediador entre ele e os deuses. De acordo com essa crença, quando um homem errava não cometia crime contra um deus, mas atingia diretamente a ordem estabelecida. Um ou outro deus providenciaria para que a ordem fosse vingada.
Nas pinturas que se vêem nas paredes dos templos e dos túmulos o faraó aparece exibindo Maat aos outros deuses diariamente. Assim, o faraó estava cumprindo sua função divina de acordo com a ordem de Maat em nome dos deuses. Vemos aqui também a inferência de permanência, que Maat era eterno e inalterável. Este era a verdade .uma verdade que não era suscetível de verificação ou comprovação. A verdade sempre estava em seu lugar certo na ordem criada e mantida pelos deuses. Era um direito criado e herdado que a tradição dos egípcios antigos transformou num conceito de estabilidade organizada.
A lei da terra era a palavra do faraó, pronunciada por ele de acordo com o conceito de Maat. Como o próprio faraó era um deus, ele era o intérprete terreno de Maat. Em conseqüência, também estava sujeito ao controle de Maat dentro dos limites da sua consciência. Se qualquer egípcio quisesse experimentar a felicidade eterna, esperava-se que fosse moralmente circunspecto. O caráter pessoal era mais importante que a riqueza material.
Segundo a crença do Antigo Reino, Ra era o deus do mundo dos vivos, havendo referências feitas "àquela balança de Ra onde ele pesa Maat. . O conceito era que Maat perdurava passando à eternidade. Ele ia para a necrópole com o morto e era depositado ali. Quando sepultado ou fechado num túmulo, seu nome não morria; era lembrado pelo bem que ele emanava.
Em tempos posteriores, o deus Osíris, que estava relacionado com a vida futura, tornar-se-ia juiz dos mortos, presidindo a pesagem do coração de um homem contra o símbolo de Maat. Acreditava-se que o coração era o centro da mente e da vontade. Antes desse período, o tribunal divino estava sob o deus-sol Ra e a pesagem chamava-se contagem do caráter.
Um dos documentos mais famosos do Egito Antigo é o Livro dos Mortos, que contém textos fúnebres, cujo uso começou com o Período Imperial e continuou sendo usado em períodos subseqüentes. No Livro dos Mortos encontra-se a chamada Confissão a Maat.
Para conseguir um lugar na vida futura, um egípcio precisava confessar que não cometera erra algum; portanto, ele fazia uma verdadeira declaração de inocência, que é o inverso de uma confissão. Os egiptólogos e historiadores contemporâneos acham que o termo confissão é errôneo. Contudo, por tradição continuaremos sem dúvida a denominar os textos fúnebres a este respeito no Livro dos Mortos como a Confissão a Maat.
Os textos estão escritos em papiros e falam do tribunal para o egípcio morto. O juiz é Osíris, ajudado por quarenta e dois deuses que se sentam com ele para julgar os mortos. Os deuses representavam os quarentas e dois nomos, ou distritos administrativos, do Egito.
Evidentemente os sacerdotes criaram o tribunal de quarenta e dois juízes para controlar o caráter dos mortos de todas as partes do país .sendo a idéia de que pelo menos um juiz teria de vir do nomo do morto. Os juízes representavam os vários males, pecados, etc. O egípcio morto que estava sendo julgado não confessava pecados, mas afirmava sua inocência dizendo: "Não matei", "Não roubei", "Não furtei".
Para os egípcios antigos a morte não era o fim e sim uma interrupção. O egípcio não devia incorrer jamais no desagrado da sua divindade e do Maat. O conceito do julgamento sem dúvida causava impressão profunda nos egípcios vivos. O drama envolvendo Osíris é vívido e descreve o julgamento tal como afetado pela balança.

Um certo papiro, de excelente feitura e arte, mostra Osíris sentado num trono numa extremidade da sala do tribunal, com Ísis e Néftis de pé atrás dele. Num dos lados da sala estão dispostos os nove deuses da Novena Heliopolitana dirigida pelo deus-sol. No centro está a balança de Ra onde ele pesa a verdade.
A balança é manipulada pelo antigo deus dos mortos, Anúbis, de cabeça de chacal, e atrás dele, Toth, o escriba dos deuses, que preside a pesagem. Atrás deste fica o crocodilo monstro pronto para devorar o injusto. Ao lado da balança, em sutil insinuação, está a figura do destino acompanhada pelas duas deusas do nascimento que estão prestes a contemplar o destino da alma cuja vinda ao mundo elas certa feita presidiram. Na entrada está a deusa da verdade, Maat. Ela deve conduzir a alma recém-chegada à sala do julgamento.
Anúbis pede o coração do recém-chegado. Este é posto num dos pratos da balança enquanto no outro aparece a pluma, o símbolo de Maat. Dirigia-se ao coração e se pedia a ele que não se erguesse contra o morto como testemunha. O apelo era aparentemente eficaz, pois Toth dizia: "Ouvi esta palavra em verdade. Julguei o coração... Sua alma é testemunha sobre ele. Seu caráter é justo segundo a pesagem da grande balança. Não se encontrou pecado algum nele". Tendo assim recebido um veredito favorável, o morto é conduzido por Hórus, o filho de Ísis, e apresentado a Osíris. Após ajoelhar-se, o morto é recebido no reino de Osíris.
Na Confissão a Maat, o morto declarava sua inocência. Afirmava que nada fizera de errado. Em muitos casos um escaravelho, onde estava escrita uma fórmula, era enterrado com o morto. Esta fórmula destinava-se a impedir que seu próprio coração se levantasse como testemunha contra ele.
Na 18.ª Dinastia, Amenhotep IV desalojou Osíris e os muitos deuses. Ele deu evidência e reenfatizou Maat como o símbolo da verdade, da justiça e da retidão. O disco solar tornou-se Aton. Amenhotep anexava regularmente o símbolo de Maat à forma oficial do seu nome verdadeiro. Em todos os seus monumentos de estado vêem-se escritas as palavras Vivendo na Verdade, ou Maat.
Em conformidade com este fato, Amenhotep chamou sua nova capital de Aquetaton, Horizonte de Aton e O Centro da Verdade. Esta última referência é encontrada num breve hino atribuído à Amenhotep quando, com sua rainha Nefertiti, ele transferiu sua residência para Aquetaton e adotou o nome de Akhenaton, que significa aquele que é benéfico a Aton.
Os seguidores do conceito monoteísta de Akhenaton estavam plenamente cientes das convicções do faraó sobre Maat. Com freqüência encontramos as pessoas da sua corte glorificando Maat, ou a verdade. Em sua revolução, Aton, o deus único, era o criador e mantenedor da verdade e da retidão. Maat, ou a verdade, era a força cósmica da harmonia, da ordem, da estabilidade e da segurança.
Na Era das Pirâmides, Ptah-hotep apresentou o conceito de que o coração era o centro da responsabilidade e da orientação. No tempo de Tutmosis III, na 18.ª Dinastia, declarou-se que "O coração de um homem é seu próprio deus, e meu coração está satisfeito com meus atos".
Pensava-se que esta fosse a voz interior do coração e, com surpreendente percepção, chegou a ser chamada de o deus de um homem. O egípcio tornara-se mais sensível, mais discriminador na sua aprovação ou reprovação da conduta de um homem. O coração assumiu o equivalente ao significado da nossa palavra consciência.
James Henry Breasted escreveu que da verdade, da retidão, do conceito de justiça de Maat veio a consciência e o caráter. Akhenaton destacou repetidamente o conceito de retidão de Maat. Ele desenvolveu o reconhecimento da supremacia de Maat como retidão e justiça numa ordem moral nacional sob um único deus.
O conceito de Maat do Egito Antigo prevaleceu intensamente até o Reino do Meio ou começo do Período Imperial. Durante algum tempo ele esteve relativamente ignorado, mas recuperou sua força no período de toda a 18.ª Dinastia, especialmente durante o tempo de Akhenaton. Mas na época da 20.ª Dinastia, Maat decaíra.
Havia a ineficiência governamental, a indiferença, a fuga da responsabilidade e a desonestidade. A consciência social, o interesse de grupo e a integridade pessoal deixavam de existir. Já não havia mais um homem justo, vivendo em harmonia com a ordem divina de Maat. Deixara de existir o conceito de caráter, de dignidade humana e decência. Quando a ordem estabelecida de Maat, sobre a qual se apoiava o modo de vida egípcio, foi descartada, a vida perdeu o significado. A antiga verdade, Maat, que predominara por uns dois mil anos, deixara de se impor.

Simbologia e Camara de Reflexão

Simbologia e Camara de Reflexão

A Câmara, com seu isolamento, obscuridade e negras paredes, cercada de emblemas representativos da morte, permite, a quem nela adentra, uma pausa silenciosa no tumulto da vida e, meditando sobre os símbolos ali expostos, dar-se conta da finitude da vida e como são sem sentido as vaidades e as paixões humanas. É por esta razão que se encontram, em suas paredes, inscrições destinadas a pôr à prova do postulante a sua firmeza de propósitos e a vontade de progredir, que têm de ser seladas num testamento.

Ao ingressar nesse recinto, o candidato é despojado dos metais que porta consigo e que o Irmão Experto recolhe cuidadosamente. Representa ao postulante o retorno ao seu estado de pureza original - a nudez adâmica - despojando-se voluntariamente de todas aquelas aquisições que lhe foram úteis para chegar até o seu estado atual, mas que constituem outros tantos obstáculos para seu progresso maçonico.

É o cessar de depositar sua confiança e cobiça nos valores puramente exteriores do mundo, para poder encontrar em si mesmo, realizar e tornar efetivos os verdadeiros valores, que são os morais e espirituais. É o cessar de aceitar passivamente as falsas crenças e as opiniões exteriores, com o objetivo de abrir seu próprio caminho para a verdade.

Isto não significa, absolutamente, que deva abrir mão de tudo o que lhe pertence e adquiriu como resultado de seus esforços e prêmio de seu trabalho, mas, unicamente, que deve deixar de dar a estas coisas a importância primária que pode torná-lo escravo ou servidor delas, e que deve pôr, sempre em primeiro lugar, sobre toda a consideração material ou utilitária, a fidelidade aos Princípios e às razões espirituais. Esse despojamento tem por objetivo tornar-nos livres dos laços que, de outra forma, impediriam todo nosso progresso futuro.

A entrega dos metais simboliza, assim, o despojo voluntário das qualidades inferiores, dos vícios e paixões, dos apegos materiais que turvam a pura Luz do Espírito. Isso é “ser livre e de bons costumes”. Como o maçom deve aprender a pensar por si mesmo e, pelo seu esforço pessoal, ter a certeza de ter atingindo o conhecimento direto da Verdade, o despojamento terá que ser total e, portanto, deverá se estender às crenças, superstições, preconceitos e prejulgados, tanto científicos, como filosóficos e religiosos, pois estes brilham com luz ilusória na inteligência e impedem a visão da Luz Maior, a Realidade que sustenta o Universo e o constrói incessantemente.



SIGNIFICADO DA CÂMARA

A Câmara de reflexões, como o seu nome o indica, representa, antes de tudo, um
estado de isolamento do mundo exterior que é necessário para a concentração ou reflexão íntima, com a qual nasce o pensamento independente e é encontrada a Verdade. Aquele mundo interior para o qual devem dirigir-se nossos esforços e nossas análises para chegar, pela abstração, a conhecer o mundo transcendente da Realidade. É o "gnosthi seautón" ou o "conhece-te a ti mesmo" dos iniciados gregos, como único meio direto e individual para poder chegar a conhecer o Grande Mistério que nos circunda e envolve nosso próprio ser.

ELEMENTOS E SÍMBOLOS PRESENTES NA CÃMARA

A Cor Negra

O negro simboliza as trevas, a ausência da luz. O lugar de perpétuo esquecimento para onde nos conduz as paixões, os vícios e a ignorância. O Eterno Luto na procura da Luz.

O Crânio
Ambos simbolizam o ciclo iniciático: a brevidade da vida e a morte corporal, prelúdio do renascimento em um nível de vida superior, e condição do reino do espírito. Símbolo da morte física, o crânio corresponde à putrefação alquímica, assim como a tumba corresponde à fornalha: o homem novo sai do Ovo onde o homem velho se extingue para transformar-se. Crânio e Esqueleto representam não uma morte estática, definitiva, mas, sim, uma morte dinâmica, anunciadora e instrumento de uma nova forma de vida. O crânio, com seu sorriso irônico e seu ar pensativo, simboliza o conhecimento daquele que atravessou a fronteira do desconhecido, daquele que, pela morte, penetrou no segredo do além. O crânio é muitas vezes representado entre duas tíbias cruzadas em x, formando uma cruz de Santo André, símbolo das oposições dentro da natureza sob a influência predominante do espírito. Ambos significam, em uma palavra, Transformação.

Ampulheta

Simboliza o escoamento inexorável do tempo que se conclui, no ciclo humano, pela morte. A forma da ampulheta, com os seus dois compartimentos, mostra a analogia entre o alto e o baixo, assim como a necessidade, para que o escoamento se dê para cima, de virar a ampulheta. Assim, a atração se exerce para baixo, a menos que mudemos a nossa maneira de ver e de agir. O vazio e o pleno devem suceder-se; há, portanto, uma passagem do superior ao inferior, isto é, do celeste ao terrestre e, em seguida, através da inversão, do terrestre ao celeste. O filete de areia, que corre de um para outro compartimento, representa as trocas entre o Céu e a Terra: a manifestação das possibilidades celestes e a reintegração da manifestação na Fonte divina. O estrangulamento no meio é a porta estreita por onde se efetuam as trocas.
A ampulheta está presente na Câmara como que sugerindo, ao postulante, que não relegue para o amanhã o abandono das paixões, nem a procura da virtude, pois talvez não venha a ter mais tempo, já que o tempo é agora.









As Iniciais V.I.T.R.I.O.L.


Iniciais de uma fórmula célebre entre os alquimistas e que condensava a sua doutrina: Visita Iteriorem Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem, ou seja, Visita ou Explora o interior da terra. Retificando, encontrarás a pedra oculta...o que significa dizer: Desce ao mais profundo de ti mesmo, bem além das aparências exteriores, e encontrarás a pedra oculta (ou o núcleo indivisível), sobre o qual poderás construir uma nova personalidade, um homem novo. Trata-se da reconstrução de si próprio a partir dos vários graus de inconsciência, de ignorância e de preconceitos, em direção à incontestável consciência do ser, o que permite ao homem descobrir a presença imanente e transformadora de Deus nele.

O Grão de Trigo

O quarto de reflexões constitui a prova da terra - a primeira das quatro provas simbólicas dos elementos - e, através de sua analogia, somos conduzidos aos Mistérios de Elêusis, nos quais o iniciado era simbolizado pelo grão de trigo atirado e sepultado no solo, para que germinasse; abrisse, por seu próprio esforço, um caminho para a luz.
A semente, na qual se encontra em estado latente ou potencial toda a planta, representa muito bem as possibilidades latentes do indivíduo que devem ser despertadas e manifestadas à luz do dia, no mundo dos efeitos. Todo ser humano, é, efetivamente, um potencial espiritual ou divino, idêntico ao potencial latente da semente, que deve ser desenvolvido ou reduzido à sua mais plena e perfeita expressão, e este desenvolvimento é comparável, em todos os sentidos, ao desenvolvimento natural e progressivo de uma planta.
Assim como a semente, para poder germinar e produzir a planta, deve ser abandonada ao solo, onde morre como semente, enquanto o germe da futura planta começa a crescer, assim também, o homem, para manifestar as possibilidades espirituais que nele se encontram em estado latente, deve aprender a concentrar-se no silêncio de sua alma, isolando-se de todas as influências externas, morrendo para seus defeitos e imperfeições a fim de que o germe da Nova Vida possa crescer e manifestar-se. No Evangelho segundo S. João 12,20-33. é citado : “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”.Uma vez que o Germe espiritual, a Divina Semente de nosso ser, é imortal e incorruptível, esta morte - como toda forma de morte, sob um ponto de vista mais profundo - é simplesmente o despojo de uma forma imperfeita e a superação de um estado de imperfeição, que foram no passado um degrau indispensável ao nosso progresso, mas que na atualidade transformaram-se numa limitação e ao mesmo tempo numa necessidade; na oportunidade e na base para um novo passo adiante.
Essa imperfeição ou limitação que deve ser superada - os estreitos limites em que se acha enclausurado nosso pensamento e nosso ser espiritual pelos erros e falsas crenças assimiladas na educação e na vida profana - é o que simboliza a casca da semente, produzida por esta como proteção necessária em seu período de crescimento, e inteiramente análoga à casca mental de nosso próprio caráter e personalidade.

O Pão e a Água

O pão é, evidentemente, símbolo do alimento essencial. Se é verdade que o homem não vive só de pão, apesar disso, é o nome de pão que se dá à sua alimentação espiritual. Entre os cristãos, o Cristo eucarístico é o pão da vida. Os pães da proposição dos hebreus também têm o mesmo significado. Esse pão representa a presença de Deus no íntimo de cada um de nós.

A água representa: fonte de vida; meio de purificação e centro de regeneração. As águas, massa indiferenciada, representando a infinidade dos possíveis, contêm todo o virtual, todo o informal, o germe dos germes, todas as promessas de desenvolvimento. Mergulhar nas águas, para delas sair sem se dissolver totalmente, salvo por uma morte simbólica, é retornar às origens, carregar-se de novo, num imenso reservatório de energia e nele beber uma força nova. A água é símbolo da Mãe Natureza, geradora de Vida material, mas, também, da vida espiritual e do Espírito, oferecidos por Deus e muitas vezes recusados pelos homens.

O Sal, o Enxofre e o Mercúrio

No rito Memphis Misraimo O enxofre e o sal evocam o ternário dos alquimistas.
O enxofre representa a energia irradiante de cada ser, a radioactividade da vida; a sua acção é combatida e travada pela própria Loja, esta é o ponto de equilibrio ou cristalização destas duas correntes antagonicas tem por simbolo o o sal.
A mediação do Sábio deve poder subtrair-se à influência do mercurio e é ao enxofre pedido agir directamente sobre o sal.È assim que o neofito alterará utilmente a base da sua afectividade e o seu ritmo mental.

“Ora e Labora” era a divisa dos alquimistas.

O sal é, ao mesmo tempo, conservador de alimentos e destruidor pela corrosão. O alimento sal, condimento essencial e fisiologicamente necessário, é evocado na liturgia batismal; é sal da sabedoria, símbolo do alimento espiritual.
Os árabes citam recomendações de Maomé para: "começar pelo sal e terminar com o sal; porque o sal cura numerosos males". Também é considerado símbolo da incorruptibilidade - pois é a marca da eternidade e da pureza, porque jamais apodrece ou se corrompe; e da lealdade - como pode ser visto na Bíblia, o termo "aliança de sal" designa uma relação com Deus que não pode ser rompida.
O sal era, para os hebreus, um elemento importante de ritual: toda vítima tinha de ser consagrada pelo sal. O consumo do sal em comum toma, às vezes, o valor de uma comunhão, de um laço de fraternidade. Compartilha-se o sal como o pão. Consumir com alguém o pão e o sal significa uma amizade indestrutível. O sal simboliza também a incorruptibilidade. É por isso que a aliança do sal designa uma aliança que Deus não pode romper (Números 18,11; Crônicas, 13,5).O sal pode, também, ter outro sentido simbólico e opor-se à fertilidade. Nesse caso, a terra salgada significa terra árida, endurecida. Os romanos jogavam sal nas terras que destruíam para tornar o solo para sempre estéril. Os místicos às vezes comparam a alma a uma terra salgada que deverá ser fertilizada pelo orvalho da graça. Tudo que é salgado é amargo, a água salgada é, portanto, uma água de amargura que se opõe à água doce fertilizadora. Por fim, o sal é símbolo da palavra empenhada, porque o seu sabor é indestrutível.

O enxofre é o princípio ativo da alquimia, aquele que age sobre o mercúrio inerte e o fecunda, ou o mata. O enxofre corresponde ao fogo, como o mercúrio à água. É o princípio gerador masculino (yang). Manifesta a vontade celeste e a atividade do Espírito .Para os alquimistas, o enxofre está para o corpo como o sol está para o universo. Sua cor amarela querendo comparar-se a do ouro, dá-lhe um sentido de engodo, de falsidade, próprio do senhor das trevas. A chama amarela esfumaçada com enxofre é, para a Bíblia, a antiluz atribuída ao orgulho de Lúcifer. É a luz transformada em trevas. É um símbolo de culpa e punição.
Por curiosidade o Enxofre é utilizado em fertilizantes, como tambem parte constituite da formula da pólvora.

O mercúrio é o símbolo alquímico universal e do princípio passivo, úmido (yin).
O símbolo Hg, como todos os símbolos químicos, vem do latim "hydrargyrum" que significa prata líquida.
Corresponde aos humores corporais, o sangue, o sêmen, aos rins, ao elemento Água. Segundo as tradições ocidentais, o mercúrio é a semente feminina e o enxofre, a masculina: sua união produz os metais. Astrologicamente, Mercúrio vem imediatamente após o Sol, astro da vida, e a Lua, astro da geração, isto é, da manifestação da vida no nosso mundo transitório. Se o Sol é o Pai Celeste, e a Lua, a Mãe Universal, Mercúrio se apresenta como o filho deles, o Mediador, o princípio da Inteligência e da Sabedoria. Mercúrio, o deus da mitologia, diligente e provido de asas nos pés, tinha o ofício de mensageiro do Olimpo. Tendo herdado características tanto de seu Pai, como de sua Mãe, apresenta natureza dualista, na qual se confrontam os princípios contrários e complementares: trevas-luz, baixo-alto, esquerda-direita, feminino-masculino, certo-errado, etc. O pensamento em todos seus aspectos nasce naturalmente no indivíduo, da ação e relação entre as tendências ativas e passivas, entre o amor e o ódio, a atração e a repulsão, a simpatia e a antipatia, o desejo e o temor. Cresce e adquire sempre maior força, independência e vigor quando lutam entre si o instinto e a razão, a vontade e a paixão, o entusiasmo e a desilusão. Eleva-se e floresce, sempre mais livre, claro e luminoso, conforme aprende a seguir seus ideais e aspirações mais elevadas, e quando estas conseguem sobrepor-se à sua ignorância, erros e temores, assim como às demais tendências passionais e instintivas. Mercúrio é o agente harmonizador dos contrários, que procura colocar a ordem no caos. Em cada um de nós, o processo mercuriano é o auxiliar do Ego, encarregado de nos desviar da subjetividade obscurecedora. Diante da dupla pressão dos impulsos interiores, ele é o melhor agente de adaptação à vida.



AS CITAÇÕES DA CÂMARA DE REFLEXÕES
Sobre as paredes da Câmara de Reflexões há inscrições, descritas abaixo, com a finalidade de levar o profano a encarar o ato a que vai ser submetido, com a honestidade a que deve fazer jús.

· SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE
A Maçonaria não pode servir de campo experimental para satisfação de uma simples curiosidade. Inteiramente dedicada ao estudo de problemas fundamentais e de grandes ensinamentos, todo elemento possuído por uma simples curiosidade, longe de lhe ser útil, seria um perigo. Sendo manifesto o desejo da Maçonaria de participar ao mundo a sua utilidade por meio de sábios e discretos ensinamentos e por elevados exemplos, ela reprime a louca afeição ao superficial, ao fútil, engrandecendo no homem o desejo de instruir-se através de estudos sadios, sérios e proveitosos.

· SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS
O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos, e, dessa forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca advertência sobre si mesmos. O Maçom, para seguir o seu caminho de constante aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se pode lapidar a verdadeira pedra bruta.

· SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO
A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível para desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será desmascarado e seus vícios expostos à luz do sol, à luz da verdade.

· SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE; NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS
A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto, dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela virtude, nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra uns aos outros.
Esse sentimento de igualdade tráz, por conseguinte, uma evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo com que o sentimento de desprezo ou o próprio individualismo não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.

· SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE
Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se deixa dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta.
O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem, perseverança, auto-estima, valor e fé, que é justamente o que o iniciante está precisando exteriorizar nesse momento.

· SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE
Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será o castigo ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a direção que lhe foi impressa. O homem deve refletir sobre a morte para assim valorizar e lapidar a sua vida. Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um caminho laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização intrínseca de si mesmo.
Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa a glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício.

A VELA
A Câmara de reflexões é iluminada apenas pela luz de uma vela ou de uma lamparina. Há várias interpretações sobre este símbolo. Pode ser a primeira luz da Maçonaria que o profano recebe, de início fraca, para que o profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a sua visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe serão reveladas.
A luz dessa vela é o reflexo e a representação da divindade no plano terrestre. É ela o único asilo seguro contra as paixões e perigos do mundo e que proporciona o repouso, o discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela se recorre.
Esse clarão simboliza então a lâmpada da razão, iluminando a Câmara que não é outra coisa senão o interior do homem, dando lhe assim a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre a sua frente, mundo do qual ele não pode fazer uma idéia precisa, mas que na iniciação haverá de descobrir.


O Galo

É, universalmente, símbolo solar, porque seu canto anuncia o nascimento do Sol e, por extensão, do surgimento da Luz. Representa a vigilância, pois com seu canto avisa todos a boa nova, ou seja, que um novo dia está surgindo. Assim, todo o maçom, qual galo de vigília, deve estar atento para perceber, na dissipação das trevas da noite que morre (as paixões e os vícios), os primeiros clarões (as virtudes) do espírito que se levanta. O galo é, portanto, a representação esotérica do despertar da consciência e da ressurreição do candidato, que, devendo morrer para a vida “profana”, ressurge num plano mais elevado de espiritualidade.



O Testamento

O novo nascimento ou regeneração ideal que indica, em todos seus aspectos, a câmara de reflexões, tem finalmente o seu selo e concretiza-se por um testamento, que é fundamentalmente um atestado ou reconhecimento de seus "deveres", ou seja, de sua tríplice relação construtiva: com o princípio interior (individual e universal) da vida, consigo mesmo como expressão individual da Vida Una, e com seus semelhantes, como expressão exterior da própria Vida Cósmica.

Trata-se de um testamento iniciático bem diferente do testamento ordinário ou profano. Enquanto este último é uma preparação para a morte, o testamento simbólico pedido ao recipiendário, antes de sua admissão às provas, é uma preparação para a vida - para a nova vida do Espírito para a qual deve renascer.

Morte e nascimento são, na realidade, dois aspectos intimamente entrelaçados e inseparáveis de toda mudança que se verifica na forma e na expressão, interior e exterior, da Vida Eterna do Ser. Na economia cósmica, e da mesma forma na vida individual, a morte, cessação ou destruição de um aspecto determinado da existência subjetiva e objetiva, é constantemente acompanhada de uma forma de nascimento. Assim, pois, só em aparência os consideramos como aspectos opostos da Vida, ou como seu princípio e fim, enquanto indicar simplesmente, uma alteração ou transformação, e o meio no qual se efetua um progresso sempre necessário, ainda que a destruição da forma não seja sempre sua condição indispensável.


A primeira relação ou "dever" do testamento é a do próprio indivíduo com o Princípio Universal da Vida, uma relação que tem de reconhecer-se e estabelecer-se interiormente, e não sobre a base das crenças ou prejuízos, sejam positivos ou negativos. Não se pergunta ao candidato se crê ou não em Deus, nem qual é seu credo religioso ou filosófico; para a Maçonaria todas as "crenças" são equivalentes, como outras tantas máscaras da Verdade que se encontram atrás ou sob a superfície delas e somente à qual aspira a conduzir-nos.

O que é de importância vital é nossa íntima e direta relação com o Princípio da Vida, qualquer que seja o nome que lhe dê externamente, e o conceito mental que cada um possa ter formado ou dele venha a formar, uma relação que é estabelecida na consciência, além do plano da inteligência ou mentalidade ordinária.

A consciência desta relação, que é Unidade e Individualidade, traduz-se no sentido da primeira pergunta do testamento: "Quais são os vossos deveres para com Deus?" A segunda: "Quais são os vossos deveres para com vós mesmos?" nada mais é do que a conseqüência da primeira. Tendo-se reconhecido, no íntimo de seu próprio ser, naquela solidão da consciência que está simbolizada pela câmara de reflexões como uma manifestação ou expressão individual do Princípio Universal da Vida, o candidato é chamado a reconhecer o modo pelo qual sua vida exterior se encontra intimamente relacionada com o que ele mesmo é interiormente, e como a compreensão desta relação tem em si o poder de dominá-la e dirigi-la construtivamente.

O homem é, como manifestação concreta, o que ele mesmo se fez e faz constantemente, com seus pensamentos conscientes e subconscientes, sua maneira de ser e sua atividade. Seu primeiro dever para consigo mesmo é realizar-se e chegar sempre a ser a mais perfeita expressão do Princípio de Vida que nele busca, e encontra uma especial, diferente e necessária manifestação, deduzindo ou fazendo aflorar à luz do dia, as possibilidades latentes do Espírito, aquela Perfeição que existe imanente, mas que só se manifesta no tempo e no espaço, na medida do íntimo reconhecimento individual.

Quanto aos deveres para com a humanidade, estes representam um sucessivo reconhecimento íntimo que é complemento necessário dos dois primeiros: tendo-se reconhecido como a manifestação individual do Princípio Único da Vida, e sabendo que ele é por fora o que realiza por dentro, deve acostumar-se a ver em todos os seres outras tantas manifestações do próprio Princípio. Deste reconhecimento, brota como conseqüência necessária o seu dever ou relação para com a humanidade, que não pode ser outra coisa que a própria fraternidade.
A compreensão desta tríplice relação é o princípio da iniciação, o início efetivo de uma nova vida, o testamento ou doação que é feita para si próprio, preparando-se para executá-lo. É a preparação necessária para as viagens ou etapas sucessivas do progresso que o aguardam.

O respeito do Juramento está tambem na base de confiança mútua dos Irmãos, como tambem da fraternidade que resulta necessariamente desta confiança.

Tenho dito
Ritos Maçônicos
Denomina-se de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos, esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador, os ritos hoje mais difundido no mundo são: O rito de York, o rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno. No Brasil se exercem todos esses, mais se destacam também o rito brasileiro e o adonhiramita.

Ritos:
Adonhiramita: Criado pelo Barão de Tschoudy, ilustre escritor, em Paris, França no ano de 1766, de caráter místico e cerimonial.

Escôces Antigo e Aceito: Derivou-se do Rito de Heredon, em 1º de maio de 1786 foram fixados as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus, atualmente é o rito mais difundido nos países latinos.

Escôces Retificado(1782): Como o próprio nome afirma,este rito consiste numa reformulação do R.E.A.A. e o objetivo era retirar um conteúdo por alguns considerado desnecessários.
Estrita Observânça: Criado em 1764 pelo Barão Hund, com fundamento nas antigas "Ordens de Cavalaria".Era composto de 12 graus,esse rito deu origem aos ritos da Alta Observância e o da Exata Observância.

Francês ou Moderno: A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma comissão para se reduzir os graus, deixando apenas os simbólicos, no princípio houve uma forte oposição, então a comissão decidiu, deixar 4 dos principais graus filosóficos, com o decorrer do tempo, lojas adotaram o rito, hoje em dia é muito praticado na França e nos países, que estiveram sob sua influência.

Heredom ou Perfeição: Iniciado em Paris, no ano de 1758.

York : Acredita-se ter sido criado por volta de 1743, foi levado a Inglaterra por volta de 1777, inicialmente foi composto de 4 graus, hoje possui 13, atualmente é o rito mais difundido no mundo.

Mizraim ou Egípcio: Acredita-se ter surgido na Italia em 1813, e em seguida foi levada a França por Marc, Michel e Joseph Bédarride, Mizr significa Egito em hebráico, e seus divulgadores afirmam ser derivado dos Antigos Mistérios Egipcios, possuem 90 graus, dividido em quatro classes.

Mênphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de Négre e Mouret, no ano de 1838, esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim para a tradição Egipcia, compões-se de 92 graus, dividido em 3 séries.

Mênphis-Mizraim: Rito criado com a reunião dos ritos de Mênphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da França.

Adoção: Criado pelo grande Cagliostro na França em 1730, e reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1774, trata-se de um rito voltado de temática egípcia.

Schröeder:: Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de a Maçonaria conter apenas a sua características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimos, estudou muito as origens maçônicas para compor este rito.

Swenderborg: Criado em 1721 pelo Sueco Emmanuel Swenderborg, grande iluminista, teósofo, filósofo, psicólogo, e fisico, e estudioso dos mistérios maçônicos desenvolveu este rito com oito graus, e deu origem posteriormente aos ritos denominados de Iluministas.

O outro lado de Cagliostro

O CONDE DE CAGLIOSTROAlexandre Cagliostro nasceu na Itália, de família humilde, com o nome de batismo de Giuseppe Bálsamo.Ainda com o nome de José Bálsamo, por uma dessas coisas do destino abandonou a casa paterna e saiu a correr mundo muito cedo. Esperto, curioso e aventureiro, em suas viagens foi aprendendo muitas coisas, principalmente no campo do esoterismo, pelo convívio com alguns mestres dessa área, entre os quais o Conde de Saint Germain, que conheceu em Paris, e de quem se tornou amigo, discípulo e irmão na Ordem Rosacruz e na Maçonaria.Cagliostro viveu num tempo em que qualquer indivíduo bem intencionado podia freqüentar uma universidade a aprender a ciência que desejasse assistindo a aulas em diferentes lugares. Muitos cientistas, filósofos e matemáticos se formaram assim, viajando e estudando. Em cada cidade ou mosteiro que chegavam, podiam assistir às aulas que desejassem, desde que apresentassem uma prova de freqüência e conhecimento da matéria através de exames ou argüições orais. Ademais, em suas bagagens, carregavam livros ou tratados para estudar quando lhes conviesse. Assim muitos personagens da história gastaram boa parte de sua vida no aprendizado de alguma coisa em que depois acabaram se distinguindo. Alguns levaram vinte, trinta, quarenta anos viajando e estudando, até obterem o reconhecimento oficial que lhes era outorgado por esta ou aquela universidade. E foi assim que Alexandre Cagliostro, depois de haver freqüentado escolas de mistério e ocultismo, estudado Cabala com os judeus e Alquimia com os árabes, resolveu estudar Medicina, ampliando seus conhecimentos em suas viagens por diversos países e continentes, principalmente em seus contatos com a Ordem dos Terapeutas, herdeira das tradições da escola médica da Alexandria e da escola sacerdotal do Egito. Como médico, realizou muitas curas, administrando miraculosos remédios de sua própria fabricação. Amigo de príncipes e de figuras da alta nobreza, embora não cobrasse por suas consultas, era regiamente recompensado com jóias, propriedades e dinheiro pelas curas extraordinárias que realizava em membros destas classes, o que então lhe permitia ir curar de graça aos pobres e ainda lhes dar assistência econômica, distribuindo remédios, agasalhos, comida e dinheiro por onde passava. Por isso ficou reconhecido como um grande benfeitor dos pobres e necessitados.Isto naturalmente atraiu a atenção daqueles que exerciam normalmente a sua clínica, que passaram a acusá-lo de charlatanismo e de fazer concorrência desleal através de métodos não ortodoxos, embora tratasse e curasse sem nada cobrar aos pacientes desenganados por aqueles, o que por isso mesmo lhes causava ainda maior indignação. Muitos processos lhe foram movidos, acusando-o de exercício ilegal da medicina, mas era sempre absolvido pelos juízes que não viam nenhum crime em alguém que realizava curas sem cobrar nenhum vintém dos beneficiários, e que, além disso, sem nenhuma pretensão pessoal ou política, ainda lhes dava assistência econômica, apoio moral e espiritual.Na corte francesa de Luis XVI conheceu grandes personalidades, entre as quais o Cardeal de Rohan, um príncipe da Igreja, de quem se tornou íntimo amigo e confidente. Como este Cardeal desejava cair nas graças da rainha Maria Antonieta e soubera de sua intenção em adquirir um valioso colar, ofereceu-se para servir-lhe de avalista, adquiriu a jóia e a enviou através de uma emissária, a condessa de La Motte. Mas o colar acabou desaparecendo no caminho, sem chegar às mãos da soberana. Como a jóia havia sido adquirida a prestações, passou-se o primeiro mês e, com receio de não receberem o pagamento, os joalheiros levaram este fato ao conhecimento das autoridades. Quando o rei e a rainha souberam deste assunto, gerou-se um escândalo, envolvendo o Cardeal de Rohan, a Rainha, o Conde de Cagliostro e a Condessa, que acusava Cagliostro de ter ficado com o colar. Instituiu-se um processo, o Cardeal de Rohan foi condenado a indenizar o valor do colar por uma fortuna que o deixou arruinado, e a Condessa, sentindo-se irremediavelmente perdida, confessou ter forjado a história de que a rainha desejava adquirir o colar, ter falsificado a assinatura e o selo reais no contrato de compra e, finalmente, assumiu a autoria do furto e a venda, aos pedaços, da referida jóia. Mas Cagliostro acabou sendo preso como cúmplice do cardeal e da condessa, do que logo se aproveitaram os seus inimigos na corte para lançar suspeitas sobre a origem de sua fortuna e o esbanjamento de dinheiro que fazia com os pobres, acusando-o de pródigo, falsário, impostor, charlatão, herege e feiticeiro. Depois de passar algum tempo na prisão da Bastilha, Cagliostro foi deportado para a Itália e entregue ao Tribunal do Santo Ofício, que o condenou à prisão perpétua num calabouço, no Castelo de San Léo, onde morreu, aos cinqüenta e poucos anos, em l795.Alexandre Cagliostro é uma figura menos emblemática e misteriosa do que a de seu amigo Saint Germain. Sua vida pública é quase um livro aberto, e aí está para ser avaliada. Alexandre Dumas, em Memórias de Um Médico, dedicou-lhe vários volumes. Ele e Saint Germain hoje são mestres ascensionados e auxiliares no grande esquema cósmico de redenção da humanidade. Quanto aos seus inimigos e detratores (os daquele tempo), não saberíamos dizer seus nomes, pois estavam escondidos atrás do anonimato de seus cargos e funções ... Mas certamente já receberam ou ainda estão recebendo a sua recompensa.

Texto de Luciano Machado

Rito Misraim e Cagliostro

0 Rito de Misraim
Desde 1738 se encontram tragos deste Rito, nutrido por referéncias alquímicas, oculfistas e egipcias, com uma escala de 90 graus. José Balsamo, chamado Cagliostro, personagem chave em sua época, soube dar o impulso necessário ao seu desenvolvimento.
Muito próximo do Grâo Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta, Manuel Pinto da Fonseca, Cagliostro fundou em 1784 o Rito da Alta Maçonaria Egípcia, Recebeu entre 1767 e 1775, do Cavaleiro Luigi d'Aquino, lrmâo do Gâo Mestre Nacional da Maçonaria Napolitana, os Arcana Arcanorum, três altos graus herméticos, Em 1788 ele os introduz¡u no Rito de Misraim e deu uma Patente a esse Rito.
0 Rito se desenvolveu rapidamente em Milâo, Génova, e Nápoles. Em 1803 foi introduzido em França por Joseph, Mare a Michel Bedarride, Nessa época o Rito recrutava tanto personalidades aristocráticas como bonapartistas e republicanos, por vezes mesmo carbonários.
Interditado em 1817 em conseqüência do casa dos Quatro Sargentos de La Rochelle e da inquietude suscitada pelos carbonários, tornou-se o espaço de encontro dos opositores ao regime, o que acarretou progressivamente o seu declínio, Por volta de 1890 os últimos Maçons do Rito agruparam-se na loja Arc-en-Ciel.
0 Rito de Memphis
Constituido por Jacques Etienne Marconís de Nègre em 1838, o Rito de Memphis é urna variante do Rito de Misraim. Retorna a mitología egípcio-alquímica acrescida de aspectos templários e cavaleirescos.
0 Rito de Memphis atrai personalidades á busca do ideal. Conheceu um certo sucesso junto às Lajas militares até 1841, data em que adormeceu, Porém foi reativado após a destituiçâo de Louis-Philippe em 1848.
Na Inglaterra, a partir de 1850 numerosas Lajas inglesas trabalhavam cm francés no Rito de Memphis, Tornaram-se célebres por haver acolhido ardentes republicanos (Louis Blanc, Affred Talandier, Charles Lonquet e José Garibaldí, membro de honra), Em 1871, a destruiçâo da Comuna contribuiu para o desenvolvimento das Lajas, porém houve um declínío ao redor de 1880, após a declaraçâo de anistia do novo governo republicano francés.
No Egito, a partir de 1873 o Rito de Memphis se desenvolveu rapidamente, com o impulso do Irmáo Solutore Avventura Zola, Grande Hierofante, até o reinado do Reí Farouk
Nos Estados Unidos, Marconis de Nègre implantou o Rito ao redor de 1856, havendo grande entusiasmo, especialmente sob o Grâo-mestrado do lrmâo Seymour, em 1861.
0 Rito de Memphis-Misraim
Em 1881 o General Garibaldi prepara a fusâo dos dais Ritos, efetivada cm 1889. A partir daí o Rito de Memphis-Misraim se implanta em diversos continentes.